Pesquisa CNT de Rodovias 2023 reforça a importância de maior investimento na malha rodoviária

O transporte rodoviário, responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e de 95% dos passageiros no país, se movimenta sobre rodovias cuja qualidade do Estado Geral, quanto à conservação, está com 67,5% da sua extensão classificada como Regular, Ruim ou Péssimo e 32,5% classificada como Ótimo ou Bom. Os percentuais demonstram uma relativa estabilidade no Estado Geral da malha rodoviária brasileira, em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66,0% e 34,0% para os mesmos níveis de classificação.

A constatação faz parte dos resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT nesta quarta-feira (29/11). Trata-se do maior estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A classificação do Estado Geral compreende três principais características da malha rodoviária: o Pavimento, a Sinalização e a Geometria da Via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes. Em 2023, a avaliação Regular, Ruim e Péssimo dessas características foi: 56,8% (Pavimento), 63,4% (Sinalização) e 66,0% (Geometria da Via), percentuais que também ficaram próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. “Essas são ações que a agenda da Confederação enfatiza e amplia institucionalmente, no âmbito do poder público, especialmente no Executivo e no Legislativo”, ressaltou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, durante o lançamento do estudo, realizado na sede no Sistema Transporte, em Brasília (DF).

Presente na cerimônia, o ministro dos Transportes, Renan Filho, exaltou o papel da Pesquisa CNT para o acompanhamento da infraestrutura rodoviária. “Trata-se de um importante verificador independente da infraestrutura nacional e aponta que, nos últimos 7 meses de governo, houve a interrupção da piora da malha rodoviária do país”, disse.

“Esse é um dado muito relevante, pois a qualidade vinha caindo desde o ano de 2016. Os dados divulgados hoje mostram sinais da retomada da qualidade das vias federais, com a ampliação dos investimentos garantida pela PEC da Transição. O Índice de Condição da Manutenção aferido mensalmente pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) aponta a elevação de qualidade, principalmente no segundo semestre. Certamente, no levantamento da CNT do próximo ano, iremos verificar esse crescimento”, completou o ministro.

Em sua participação, o senador Wellington Fagundes (PL-MT) ressaltou o importância da Pesquisa para o desenvolvimento do transporte no Brasil. O parlamentar, que é presidente da Frenlogi (Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura) convidou a CNT a apresentar os dados no Senado Federal. A ex-senadora Kátia Abreu também prestigiou o lançamento.

Primeiros resultados

O esforço empreendido pela Confederação, no sentido de conseguir uma maior atenção com relação à infraestrutura rodoviária, começa a surtir efeito. Em 2023, a Pesquisa estimou que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O percentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.

Porém, os investimentos em infraestruturas, no PLOA 2024 (Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024), sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no Orçamento para infraestrutura de transporte em 2023. Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país.

Vigilância

É válido lembrar que não se trata apenas de ter rodovias em condições ideais de tráfego. A Pesquisa mostra que a falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta o preço do frete e, consequentemente, dos produtos para o consumidor final. Sem rodovias de qualidade, o consumo de combustível fóssil e a emissão de gases também aumentam. Esses prejuízos são calculados no âmbito da sustentabilidade, por meio do desperdício de óleo diesel.

De acordo com os resultados relacionados à avaliação da qualidade do pavimento (56,8% Regular, Ruim e Péssimo; e 43,2% Ótimo ou Bom), é possível estimar que, neste ano, 1,139 bilhão de litros de diesel será consumido de forma desnecessária pela modalidade rodoviária do transporte nacional. A queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).

A CNT disponibiliza os resultados da Pesquisa de Rodovias nas formas global e segmentada por jurisdição, gestão, região, Unidade da Federação e trecho rodoviário da malha. Este último está acessível também no Painel de Consultas Dinâmicas, ferramenta que permite a aplicação de diversos filtros, além de fornecer um ranking dos trechos pesquisados.

Público × privado

Ao analisar o resultado da Pesquisa quanto ao Estado Geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada, percebe-se que as públicas (que representam 76,6% da extensão pesquisada neste ano) apresentam percentuais maiores de avaliações negativas: Regular, Ruim e Péssimo. Essas más condições correspondem a 77,1%.

Por outro lado, nas rodovias concessionadas (que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023), os altos percentuais para o Estado Geral remetem a uma situação oposta, ou seja, a bons resultados. De acordo com a Pesquisa, 64,1% da extensão da malha concedida, avaliada pelo levantamento nessa característica, foram classificados como Bom e Ótimo.

“A diferença nos resultados de classificação do Estado Geral para as malhas públicas e privadas evidencia como cada gestão trabalha o investimento nas rodovias. Enquanto as concessões estão sob o cumprimento de obrigações contratuais estabelecidas por parte dos agentes reguladores, o volume de investimentos por parte da gestão pública depende de agenda orçamentária e de prioridades estabelecidas pelo gestor”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.

O Novo PAC prevê R$ 185,80 bilhões em investimentos para o modo rodoviário, dos quais R$ 112,8 bilhões são da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73,0 bilhões do governo federal (39,3%). Essa realidade demonstra uma recuperação da capacidade de investir com duas frentes, via Estado e/ou por meio de relações de colaboração com a iniciativa privada, contemplando concessões e parcerias.

Pontos críticos

Uma das apurações resultantes do levantamento é a dos principais pontos críticos registrados nas rodovias do país: quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. Trata-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte.

Na Pesquisa CNT de Rodovias, é possível consultar os dados acerca da localização, da quantidade, do tipo e da densidade de pontos críticos registrados nas rodovias federais e estaduais do país, bem como das suas condições de sinalização, além de serem disponibilizadas fotos das ocorrências. Essas informações podem ser agrupadas por Unidade da Federação e por ano.

Intervenções prioritárias

  • Recuperação, manutenção e reconstrução de trechos avaliados
  • Eliminação de 2.684 pontos críticos:
  • 207 quedas de barreiras;
  • 5 pontes caídas;
  • 504 erosões nas pistas;
  • 803 unidades de coleta com buracos grandes;
  • 67 pontes estreitas;
  • 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.

Acesse: Pesquisa CNT de Rodovias 2023

Campanha “Ir e Vir Seguro” conta agora com aplicativo

 

Iniciativa, fruto da parceria entre SETCEMG, PRF, PMRv-MG, DER-MG, DNIT e Defesa Civil, visa antecipar, prevenir e mitigar riscos para os usuários das estradas através da visualização de informações de todas as rodovias de Minas Gerais; com o aplicativo, a partir de agora a população também poderá colaborar

O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (SETCEMG), em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar Rodoviária de Minas Gerais (PMRv-MG), o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Defesa Civil apresentaram hoje novidades da campanha “Ir e Vir Seguro. O evento foi aberto pelo presidente do SETCEMG, Antonio Luis da Silva Junior, e teve a presença de seus diretores, transportadores e representantes de órgãos públicos parceiros da iniciativa.

“A campanha foi tão bem-sucedida que, após sua conclusão em abril de 2023, o SETCEMG decidiu torná-la permanente”, destaca o vice-presidente do SETCEMG, Adalcir Ribeiro Lopes.

A iniciativa proporciona um mapa interativo em tempo real (google.com/maps/d/edit?mid=1LWPe79KMUz4OUWcAuViGU5RfTHraffuA&usp=sharing), permitindo que os usuários visualizem interdições, rotas alternativas e as reais condições das estradas, reduzindo drasticamente o número de acidentes e agilizando a reparação e demais providências do governo nos pontos com problemas, apresentou uma redução de 57% nas interdições das rodovias de Minas Gerais, segundo balanço do primeiro semestre. Além do mapa, a campanha conta agora com um aplicativo, no qual os usuários podem colaborar com o envio de informações.

De acordo com Major Robson Almeida, da PMRv-MG, o mapa interativo já teve mais de 18 milhões de visualizações. “Ele realmente foi adotado em larga escala, serviu muito, tanto para o usuário quanto para as autoridades, para a tomada de decisões embasadas em informações reais. A partir disso, pensamos em evoluir e acreditamos que o auxílio da população é essencial. Geralmente nas rodovias, não há sinal de telefone ou internet. Por isso, desenvolvemos um aplicativo no qual o usuário pode informar, mesmo sem internet, o ponto de interdição, além de consultar o mapa interativo”, comenta.

O cidadão que estiver transitando por alguma rodovia e se deparar com algum bloqueio parcial ou total, ele mesmo poderá adicionar a informação no aplicativo, mesmo sem internet. A informação chegará ao banco de dados da PMRv-MG, será revisada pela equipe de monitoramento de rodovias, que fica de plantão 24h e liberada para visualização de todos.

A Polícia Militar de Minas Gerais participa diretamente das ações da campanha “Ir e Vir Seguro” pelo segundo ano consecutivo. “Ano passado tivemos excepcionais resultados se comparados com qualquer um dos indicadores de prevenção de acidentes nos últimos anos. Com isso, este ano tivemos um planejamento bem específico. Hoje temos cerca de 100 pontos de monitoramento em todo o estado de Minas Gerais, com o emprego de 1.200 policiais militares rodoviários, temos uma parceria com a Defesa Civil, diretamente ligada às ações de prevenção, reconstrução e comunicação às comunidades vizinhas às rodovias a respeito dos principais problemas”, destaca o Comandante Fábio Oliveira, da Polícia Militar de Minas Gerais.

Com o aplicativo, as informações de todos os órgãos envolvidos estarão reunidas em um só lugar, facilitando o acesso de todos. “Todos os dados que temos hoje de forma pulverizada, agora estão todos em apenas uma ferramenta. Com isso temos muito mais efetividade na resolução dos casos, além de facilitar o acesso para a população. Espero que a gente possa, em conjunto, fazer o melhor para a sociedade, que é sempre o nosso maior objetivo”, acrescenta Fábio Jardim, superintendente da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais.

Para Cristiano Coelho, do DER, a iniciativa já se mostrou muito eficiente no ano passado. “Com essa evolução esse ano, esperamos que a gente consiga realizar serviços preventivos e mais efetivos no período das chuvas. Quando uma interdição for identificada, que seja resolvida em um período mais curto possível. Temos uma expectativa muito grande de que com os investimentos mais robustos que o setor vem recebendo, a gente consiga ter condições melhores nas rodovias e que com essa campanha possamos melhorar cada vez mais”, pontua.

Em quase todo o Estado de Minas Gerais, conforme estudos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a previsão é de chuva acima da média neste mês de novembro até janeiro do ano que vem. Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (CEDEC), o território mineiro possui diversas áreas que sofrem com as chuvas, o que por sua vez exige muito cuidado e atenção por parte de todos.

“Temos a maior malha rodoviária do Brasil e essa integração foi uma decisão acertada dos órgãos envolvidos. Importante estarmos todos empenhados em apoiar o nosso estado. Com o período chuvoso, essa plataforma é extremamente importante para monitorarmos a situação das estradas. Espero que não tenhamos eventos extremos, mas se tivermos, contaremos com uma ferramenta importante na mão, para que o cidadão, as empresas, o setor de logística, de transporte tenham condição de ir e vir seguros. Vamos repercutir toda essa campanha nos 853 municípios do estado, para que possamos de forma integrada, disponibilizar ao cidadão uma ferramenta importante para sua segurança, conclui o tenente-coronel Carlos Eduardo Lopes, da Defesa Civil.

O aplicativo “Interdições Rodovias”, já está disponível para Android e em fase de aprovação para iOS.

Veja, aqui, a galeria de fotos.